Uma portuguesa, uma mexicana, uma “inglesa” e um francês. Juntos, na mesma casa, durante 7 dias, com vários membros da minha família portuguesa. Parece o início daquelas anedotas que contávamos na escola, mas não é. Apesar de termos partilhado muitas gargalhadas. Uma semana de férias no paraíso. Dolce far niente em terras lusas debaixo de um sol abrasador e embalados pelo cricri dos grilos e o zumbido dos mosquitos.
A portuguesa sou eu. Há vários anos que não passava o verão em Portugal. 2020 é um ano atípico, por isso, decidi apanhar o avião. Entristeceu-me aterrar em Lisboa num aeroporto praticamente vazio onde havia mais seguranças, polícias e funcionários da ANA que passageiros. Eram apenas dois os voos a chegar ao mesmo tempo e, pela primeira vez, a espera das malas não foi um teste à paciência do mais zen dos mortais. Continuo a ficar impressionada com a resiliência dos portugueses. Fazem muito com (tão) pouco. Refiro-me aos que trabalham em troca de um ordenado mínimo escandalosamente baixo, aos que nos atendem com um sorriso, aos que não se queixam, aos que engolem sapos todos os dias, mas encontram energia para seguir em frente.
A mexicana é uma amiga que vive em Paris e que tem também nacionalidade francesa. Cada vez que visita o nosso país sente-se em casa. Enalteceu o civismo, o respeito e o altruísmo dos portugueses. Gabou a facilidade que temos em comunicar em várias línguas e a obediência no que diz respeito ao uso, quase generalizado, da máscara. Algo que não acontece noutros países. No entanto, ficou horrorizada com a quantidade de edifícios abandonados e em mau estado que viu em várias cidades. Não entende a inação das autarquias. Afinal, talvez não sejamos tão diferentes dos povos ibero-americanos, presume. Quando não há interesse económico, não se faz.
O francês é o meu marido. Apaixonou-se pelo nosso país logo na primeira visita e regressa sempre que pode. Até já fala melhor a língua, com a ajuda dos filhos. Aprecia a hospitalidade e a naturalidade dos locais. Parece-lhe um milagre como tantos (sobre)vivem com quase nada. Delicia-se com a gastronomia, mas não se deixa impressionar pelas aparências. A melhor refeição nem sempre está no restaurante mais vistoso.
É um duro crítico dos partidos políticos que (des)governaram o país e diz que somos demasiado disciplinados. Na sua opinião, faz-nos falta uma revolução social para voltarmos a dar valor a tudo o que temos. Só há um traço luso que o horroriza: a condução desenfreada. Sentimo-nos mais fortes e poderosos com um volante nas mãos. O meu marido diz que deveríamos canalizar esse nervosismo para outras áreas mais úteis.
O voo de regresso foi do Porto. Gosto tanto da cidade que decidi passar lá a noite. Contrariamente à capital, havia muitos estrangeiros no aeroporto, principalmente espanhóis. As ruas da cidade estavam animadas e os restaurantes com as mesas ocupadas. Uma nota positiva para o turismo, essencial no crescimento da economia.
O país não deixou nenhum dos quatro indiferente e já estamos a programar as próximas férias porque um Verão em cheio, só mesmo em Portugal!
Filipa Moreira da Cruz
Agosto 2020
Bom dia ❤️
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Que saudades do Verão… Aqui o Inverno é longo, frio e chuvoso. Um bom dia para ti também!
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Estamos em pleno verão aqui ..mas em alguns locais a chuva também não dá trégua…a mãe natureza tem seus motivos 😘
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Que sorte! Passei dois verões fantásticos no seu país. A mãe natureza envia a chuva para limpar a Terra, mas os homens não aprendem.
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Amo tanto Lisboa! As duas vezes que pisei lá me senti como seu marido: em casa. Lembro que uma das vezes foi a última parada depois de visitar o Leste Europeu e amamos chegar no metro com todo mundo conversando alto e gesticulando. Foi libertador!! Muito parecido com o Brasil!
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Fico feliz por saber que se sente em casa Nicole. Eu nasci em Lisboa e vivi nesta cidade até aos 22 anos. Também penso que os portugueses e os brasileiros têm muitas coisas em comum. E isso é muito bom.
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Excelente crônica da vida viva!!!!
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Fico feliz por ter gostado. Gratidão!
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Fico feliz por ter gostado.
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