
A maioria das minhas amigas não tem filhos. Nem todas por opção. Mas isso não significa que não gostem de crianças, antes pelo contrário. Perguntam-lhes frequentemente se ainda pretendem ser mãe. As respostas são variadas e algumas até originais: não pensei nisso, não tenho tempo, qualquer dia destes, quando puder, falta-me encontrar a pessoa certa… Houve até quem dissesse NUNCA! E a conversa ficou arrumada para sempre.
O mais curioso é que esta questão cansativa, de tantas vezes repetida, nunca se coloca aos homens. O sexo masculino pode ser progenitor enquanto a pujança ou o Viagra o permitirem. E já quase ninguém estranha ver um pai que tem idade para ser avô! Os relógios biológicos não seguem as mesmas leis. Homens e mulheres dançam uma música a ritmos descompassados. Por outro lado, se um homem não for pai não estranhamos. Qual é o problema?
Admito que já não imagino a minha vida sem os meus filhos. O nascimento de uma criança implica mudar (quase) tudo. De repente, as prioridades são outras. O bebé é tão pequenino, mas ocupa o espaço todo. Isso não é mau, obviamente! Mas nem todas estamos preparadas para esta reviravolta e entendo, cada vez mais, as mulheres que decidem não ter filhos. Não me sentiria incompleta se não tivesse sido mãe.
E o instinto maternal? Sinceramente, creio que a maternidade tem muito pouco de instintivo até porque não somos animais. Nenhuma mulher nasce mãe. É na língua francesa que encontro a expressão com a qual me identifico: on devient mère. São os filhos que nos transformam, ensinam, motivam. Aprendemos a ser mães com eles. E temos o direito de errar porque somos perfeitamente imperfeitas. Não aspiramos ao estereótipo de super mulheres, embora a sociedade insista no contrário. Não temos que ser as melhores cozinheiras, as mais prezadas esposas e as irrepreensíveis fadas do lar. A nossa missão não é criar seres excecionais, mas sim respeitar cada um deles. Também não nos compete a nós evitar as caídas dos nossos filhos. Devemos ser guias e não chefes. Fazemos o melhor que podemos e sabemos. Sempre.
Longe vão os tempos em que cada família tinha uma tia solteirona, frustrada e azeda. As mulheres do segundo milénio têm o direito de ser solteiras, casadas, divorciadas, com seis filhos ou nenhum. Sabem que prazer não tem que rimar com procriação. Foram necessários longos séculos para que o sexo feminino se assumisse naturalmente, sem ter que pedir licença ou justificar-se. No entanto, em muitos países, o caminho ainda é árduo e com espinhos.
Defendo o direito de expressão e a liberdade de escolha. E isto não significa apenas darmos a nossa opinião. Podemos expressar-nos das mais variadas maneiras. Certos atos são mais reivindicativos que palavras. À Gabrielle Chanel bastou-lhe renunciar ao corset. Vestir uma saia ou um par de calças, usar camisa e gravata, pintar os lábios de vermelho. A mulher é a única capaz de saber o que é melhor para ela e recorre a todos os subterfúgios para tal. E se as suas escolhas não forem as mais corretas ela não deverá culpar ninguém. Errar é aprender. E aprender é viver. A vitimização é inimiga da emancipação.
Filha, irmã, amiga, prima, sobrinha, neta. Mulher, amante, companheira, confidente. Somos únicas e inteiras com ou sem descendência. Para todos os feitios e gostos. E para que o futuro se escreva de todas as cores.
Filipa Moreira da Cruz
Quando jovem, gostaria de me expressar, se possível.
Eu gostaria de ter filhos, mas o mundo já me assusta. Quando você tem um filho, acho que isso se torna tudo para você. E o futuro dos jovens não nos deixa muitas opções, nem tempo para criar um filho. Especialmente para mulheres cujos chefes lhes perguntam se planejam ter filhos. Esta pergunta é ilegal, as mulheres têm o direito de se recusar a responder.
É injusta esta discriminação contra as mulheres que nos dão vida.
Meus parentes costumam me perguntar quando terei filhos, e eu sou um homem … A pressão vem da família estranhamente.
Amarei uma criança um dia, mas estou com muito medo para ela.
Obrigado pelo maravilhoso artigo da Filipa.
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Uau Sébastien! 👏👏❤❤ O teu comentário é forte e poderoso. Concordo contigo! É cada vez mais difícil educar uma criança e a decisão deve ser pensada. Tens razão, muitas empresas, ainda nos dias de hoje, não querem empregar mulheres por causa da possibilidade delas serem mães. Uma injustiça! Por outro lado, há mulheres que querem ter filhos e não podem. Não devemos julgar sem saber. Obrigada pelo teu comentário! Bom domingo querido amigo! ☀️💙
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« A mulher é a única capaz de saber o que é melhor para ela e recorre a todos os subterfúgios para tal. E se as suas escolhas não forem as mais corretas ela não deverá culpar ninguém. Errar é aprender. E aprender é viver. A vitimização é inimiga da emancipação. »
Minha amiga, maravilha de texto. Concordo com cada colocação. A maternidade é algo que a sociedade nos impôs . Mas, isso não significa que tenhamos que ser mãe porque ela quer ou se me permite dizer » nos obriga ». É como você disse : » A mulher é a única capaz de dizer o que é melhor pra ela ». Não quer, é um direito que lhe cabe. Não se sente preparada, que se respeite isso também. Cada um entende o que é melhor pra si. Isso é o que importa.
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Querida Marii, obrigada pelo seu comentário tão verdadeiro e pertinente. 😊 Um bom dia para si!
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Bom dia, Filipa!🍀🌻
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Mistérios de ser mulher… Somos inteiras e plenas🌹
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Sim!!!!
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🌹✨
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