Engano d’alma

Reprise

E ao acordar, lá vem a consciência.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Photo : Paul Laurent Bressin

Mergulhada num sonho infinito
Imagino-me imortal
Poderosa como mais ninguém
Fecho os olhos e deixo-me levar

O sol é uma bola de fogo ardente
As nuvens são macias e leves
A relva é verde e suave
O céu é um horizonte inatingível

Caminho sozinha
No meio da multidão
Ausento-me das conversas
Fúteis e vazias

Perdura para sempre
O gosto de viver
A alegria de sonhar
O espírito da aventura

Empurro a consciência
Para bem longe
Para o outro lado do mundo
Onde nunca a possa encontrar

Afinal, não passou tudo
De uma ilusão
O sonho é um engano d’alma!
E a razão sobrepõe-se à vida.

Filipa Moreira da Cruz

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