Animais à solta

Reprise

A Natureza está louca
Virada de pernas para o ar
Os animais estão à solta
A rir, a correr, a brincar
No parque ou no jardim
Até os pinguins fugiram do frio
Parecem estátuas a olhar para mim
Pensando que o mar é rio
O urso não baixa a guarda, vigia
O coelho esconde-se do leopardo
O burro cuida da sua cria
E o puma corre como um desalmado
A Natureza comanda
Os animais obedecem
Entram felizes na dança
Que os humanos desconhecem.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

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Carnaval dos animais

Reprise

As araras mergulham de cabeça
O caracol avança a 100 à hora
Cheio de pressa!
Pensam que é história?
Ou conversa da treta?
O sapo come cenouras frescas
E fica à espreita
O lagarto bebe água e cospe fogo
A borboleta escolhe as suas presas
O peixe conta piadas de mau gosto
A tartaruga brinca às escondidas
O mundo está louco!
E os animais fazem birras.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Virados do avesso

Reprise

Photo : KaDDD

É cão, é gato
É periquito, é peixe encarnado
É gritaria, casa desarrumada
Ficamos de pijama. Festa assegurada!
É roupa amarfanhada, loiça por guardar
De manhã, não há escolha, temos que trabalhar
Estudar em casa é o que está a dar!
Escola fechada, parque vazio
Todos os dias são iguais, mas sem frio
Saudades dos avós, triste realidade
Eles sim gostam de nós de verdade!
Quando isto passar, vou dar beijinhos
Abraços e as mãos apertar
Mas até lá, tenhamos calma
Melhores dias estão por chegar.

Filipa Moreira da Cruz

Vida de cão

Reprise

Photo : KaDDD

Animal pequenino e tristonho
Descuidado, pulguento e abandonado
Os que passavam não lhe achavam graça
E tinham medo de apanhar carraça
Mas a Mathilde não pensava assim
E queria o cachorro para si

Sonhou em levá-lo consigo
Dar-lhe banho e um porto de abrigo
O que as crianças desejam acontece
É o poder da mente que obedece
O cachorro cresceu e virou cão
A menina emancipou-se, fez-se mulher

O amor entre ambos amadureceu
Passeios, brincadeiras, diversão
Os dias eram curtos para tudo fazer
Até que, um dia, a tragédia aconteceu!
O cão viu as chamas e saltou
E a Mathilde, ainda hoje, chora o amigo que perdeu.

Filipa Moreira da Cruz

Animais no parque

Reprise

O coelho uiva ruidosamente
O lobo come erva lentamente
O papagaio nada energicamente
O cavalo voa suavemente
O galo dança alegremente
O veado cacareja distraidamante
A pantera sonha placidamente
O elefante ri descaradamente
Só falta o leão fazer cócegas à formiga
O mundo está louco
Os humanos deserteram a cidade
E os animais invadiram o parque.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Amizade improvável

Photo : KaDDD

O leão diz à formiga
És tão pequenina!
A formiga responde
Não imaginas a minha sorte!
Posso fazer mais do que tu que és tão forte
Quando chove, abrigo-me debaixo de uma folha
Sempre que há festa, voo em cima de uma rolha
Nos dias de sol abrasador
Uma simples pedrinha protege-me do calor
E quando estou chateada com o mundo
Basta-me respirar fundo
E tu gigante leão
Diz-me o que fazes então?
Onde é que te escondes
Quando não queres que ninguém te encontre?
O que fazes para ter paz e sossego?
Será que esse corpo enorme te dá aconchego?
Queres ser meu amigo?
Eu…a passear contigo?!
Se quiseres posso fazer-te cócegas
Quando tiveres comichão nas costas
E vais adorar fingir que falas sozinho
Os outros vão pensar que estás louco
Não lhes dês troco
Juntos seguiremos o nosso caminho
Por que não!?
Já estou cansado da solidão
Vai fazer-me bem um pouco de distração
E quem sabe…
Talvez seja o início de uma bonita amizade.

Filipa Moreira da Cruz

A galinha da vizinha

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

D. Maria tinha uma galinha
Espevitada, traquinas
Rechonchuda e pequenina

Joaquina, a galinha
Vaidosa e convencida
Julagava-se irresistível de tão bem parecida

Tinha tiques e manias
Cacarejava alto e sem pudor
Só lhe faltava falar para ser gente maior

Certo dia, não acordou
D. Maria ficou assustada,
Mas na capoeira não encontrou nada

Joaquina fez as malas
Decidida e aventureira
Cansou-se da sua vida prazenteira

D. Maria viu-a ao longe e pensou
Também eu vou percorrer o mundo
A vida é breve e num suspiro já acabou.

Filipa Moreira da Cruz

A melodia das cotovias

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Morre de sofrimento esta família que se esconde por detrás dessa janela, igual a tantas outras.
Outrora alegre, esta casa está triste e melancólica, afogada nas memórias do passado. Não é azul, mas sim preta a cor que a rodeia. O vaso está quebrado, as flores murcharam e o olhar do gato ficou transparente, insípido. As cortinas sujas e comidas pelo sol contam histórias a quem tiver coragem para as escutar.
Passaram-se seis anos desde que essa alma partiu e a vila inteira foi invadida de rancor e sofrimento.
Longe vão os tempos em que se ouvia música e se dançava até de madrugada. Nessa altura, as flores cresciam suavamente, embaladas pela doçura do riacho. Os sonhos tinham asas e as alegrias não conheciam limites. Mas ficaram para sempre os sentimentos que deslizam ao som da melodia das cotovias.

Filipa Moreira da Cruz

7 Vidas

Reprise

O gato em cima do muro
Observa o mundo
Põe-se a jeito, no parapeito
O espetáculo está prestes a começar
A vida é um carnaval
E o bicho não perde pitada
Deste desfile bestial
Com os humanos é tudo ou nada!
Riso, lágrimas, choro, gargalhadas
Murros, gritos, coices, pontapés
Silêncio
Um, dois, três
O gato engole em seco
E desfruta do show de uma só vez.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Animais à solta

A Natureza está louca
Virada de pernas para o ar
Os animais estão à solta
A rir, a correr, a brincar
No parque ou no jardim
Até os pinguins fugiram do frio
Parecem estátuas a olhar para mim
Pensando que o mar é rio
O urso não baixa a guarda, vigia
O coelho esconde-se do leopardo
O burro cuida da sua cria
E o puma corre como um desalmado
A Natureza comanda
Os animais obedecem
Entram felizes na dança
Que os humanos desconhecem.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz