Dia da mãe

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Mãe solteira, mãe casada
Mãe viúva ou divorciada

Mãe leoa, mãe galinha
Mãe corajosa como a minha

Mãe alheia, mãe ausente
Mãe amiga, sempre presente

Mãe espancada, abandonada
Mãe forte e recuperada

Mãe adúltera e egoísta
Mãe enganada, mas pacifista

Mãe afetos, amor e coração
Mãe calculista e só razão

Mãe jovem, quase irmã
Mãe madura, mas tão sã

Mãe diplomada e estudiosa
Mãe dona da casa e laboriosa

Cada mãe é única e especial
Devendo sentir-se cada dia como tal.

Filipa Moreira da Cruz

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Vida de cão

Reprise

Photo : KaDDD

Animal pequenino e tristonho
Descuidado, pulguento e abandonado
Os que passavam não lhe achavam graça
E tinham medo de apanhar carraça
Mas a Mathilde não pensava assim
E queria o cachorro para si

Sonhou em levá-lo consigo
Dar-lhe banho e um porto de abrigo
O que as crianças desejam acontece
É o poder da mente que obedece
O cachorro cresceu e virou cão
A menina emancipou-se, fez-se mulher

O amor entre ambos amadureceu
Passeios, brincadeiras, diversão
Os dias eram curtos para tudo fazer
Até que, um dia, a tragédia aconteceu!
O cão viu as chamas e saltou
E a Mathilde, ainda hoje, chora o amigo que perdeu.

Filipa Moreira da Cruz

Bichinho de conta

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Bichinho de conta
Conta, conta
E diz-me quem és

Bichinho de conta
Conta, conta
Uma e outra vez

Bichinho de conta
Conta, conta
Muito enroladinho

Bichinho de conta
Conta, conta
Na mão do menino

Bichinho de conta
Conta, conta
Só mais uma vez

Bichinho de conta
Conta, conta
E diz-me quem és.

Filipa Moreira da Cruz

Para si mãe

Reprise

Photo : Margarida Moreira da Cruz

Querida mãe,
Enviou-me esta fotografia da terra que a acolheu
E eu recebo-a com o carinho que sempre me deu
Estes versos são insignificantes
Mas sabe que o amor, esse, é eterno e constante
Regado diariamente com alegria e resiliência
Alheio a futilidades e prepotência
O castelo vigia, do alto da colina
A cidade que é sua e quase minha
E a adorada calçada portuguesa
Tão nossa e cheia de beleza
Traz-me de volta a casa
Sou afortunada!
A água do Nabão corre sem pudor
Dizendo-nos « seja o que for »
As saudades, companheiras eternas
São dolorosas e, ao mesmo tempo, fraternas
Dão-me força e esperança
Vivamos o agora sem medo da mudança.

Filipa Moreira da Cruz

Margarida

Reprise

M ãe carinhosa e presente
A vó amada
R iso solto e contagiante
G ratidão, sou abençoada!
A legria de viver a deste ser humano especial
R etribui em triplo o que recebe
I rreverente e original
D á o que tem e ainda agradece
A mor incondicional.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz


Estrela do mar

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Não canta nem assobia
Desliza como a chuva miudinha
E toca-me suavemente
Será uma estrela que caiu do céu?
Perdeu-se das suas irmãs
Chama-me desesperada
Puxa-me pelo cabelo
Procura abrigo e reconforto
Subo ao monte mais alto
Equilibro-me nas pontas dos pés
Segura-a de mansinho
E devolvo-a ao infinito
Ela brilha no firmamento
Para sempre?
Peço um desejo que se cumpre
A estrela desceu à Terra
Emprestada pela lua
Atravessou a via láctea
Pela última vez
Na noite escura é apenas mais uma
Mas para mim, é única.

Filipa Moreira da Cruz

Bruma matinal

Photo : Paul Laurent Bressin

Realidade destorcida
Feridas abertas
Esperança agradecida
Promessas incertas
Silêncios desfeitos
Alma ausente
Sonhos insatisfeitos
Coração doente
Nevoeiro mentiroso
Olhar esquivo
Beijo guloso
Gesto impulsivo
Bruma caprichosa
Futuro incerto
Mão carinhosa
Fim do desacerto.

Filipa Moreira da Cruz

Ao som do vento

Ninguém se deve envergonhar de ser feliz.

Luís Sepulveda
Photo : Filipa Moreira da Cruz

É um amigo que me chama
Que me assobia de vez em quando
Invisível e impenetrável
Acompanha-me por onde ando
Traz um cheiro a natureza
É a brisa que me envolve
Nos dias de menos leveza

São os pássaros seus apaixonados
As flores suas fieis donzelas
Ouve-se a melodia nos quatro costados
Sem deixar marcas nem sequelas
E eu o resisto ao engano
Que alimenta este vício
De o sentir em primeiro plano.

Filipa Moreira da Cruz

Ai, o amor!

Reprise

Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia no meu amor.

William Shakespeare
Photo : KaDDD

Não me odeies, não me censures
Tudo o que faço é por amor
Ofereço-te o que tenho
E o que não possedo invento
Para ver-te sempre feliz

A tua alma implora mais
Deseja algo fora do meu alcance
Eu apenas peço um sorriso
Como prova de gratidão

Lanço os meus braços nus
Em busca de reconforto
Cubro os olhos com as mãos
Enfeitiçadas pelos teus lábios

Sonho com esse beijo prometido
Escondo a teimosa melancolia
Saboreio as alegrias dos outros
Vivo na esperança de te rever

Não descansarei sem a certeza
De que um dia seremos dois
Abraço esse devaneio
Com a alma em pedaços

Mais não peço
E mais não posso dar
Morro de amor por ti
E por ti sobrevivo…assim.

Filipa Moreira da Cruz

Amizade improvável

Photo : KaDDD

O leão diz à formiga
És tão pequenina!
A formiga responde
Não imaginas a minha sorte!
Posso fazer mais do que tu que és tão forte
Quando chove, abrigo-me debaixo de uma folha
Sempre que há festa, voo em cima de uma rolha
Nos dias de sol abrasador
Uma simples pedrinha protege-me do calor
E quando estou chateada com o mundo
Basta-me respirar fundo
E tu gigante leão
Diz-me o que fazes então?
Onde é que te escondes
Quando não queres que ninguém te encontre?
O que fazes para ter paz e sossego?
Será que esse corpo enorme te dá aconchego?
Queres ser meu amigo?
Eu…a passear contigo?!
Se quiseres posso fazer-te cócegas
Quando tiveres comichão nas costas
E vais adorar fingir que falas sozinho
Os outros vão pensar que estás louco
Não lhes dês troco
Juntos seguiremos o nosso caminho
Por que não!?
Já estou cansado da solidão
Vai fazer-me bem um pouco de distração
E quem sabe…
Talvez seja o início de uma bonita amizade.

Filipa Moreira da Cruz