
Sinto-me de bem com a vida
Aceito o que vier
Do que foi já fiz a despedida
Seja o que tiver que ser
Se a sorte não me abandonar
Conseguirei o que sempre quis
Se o medo não me atrapalhar
Talvez serei feliz.
Filipa Moreira da Cruz
Sinto-me de bem com a vida
Aceito o que vier
Do que foi já fiz a despedida
Seja o que tiver que ser
Se a sorte não me abandonar
Conseguirei o que sempre quis
Se o medo não me atrapalhar
Talvez serei feliz.
Filipa Moreira da Cruz
Um sopro
Sem fôlego
Uma vontade
Partilhada
Um desejo
Reprimido
Uma aventura
Inacabada
Um sonho
Impossível
Um passeio
Sem rumo
Um mundo
Em guerra
Uma casa
Sem paz
Um minuto
Sem segundo
Uma vida
A minha?
A tua?
Tanto faz!
Filipa Moreira da Cruz
Não fazer nada dá imenso trabalho.
Oscar Wilde
A contemplação é a mais alta forma de atividade.
Aristóteles
Perdi-me nos teus olhos
Azuis como o oceano
Intensamente límpidos
O divino toca o profano
Fui apanhada de surpresa
Pela tempestade
Que chegou com pressa
De contar toda a verdade
Engolida pelo mar
Varrida pelo vento
Sufoquei
Fiquei sem ar
Caí na armadilha do tempo.
Filipa Moreira da Cruz
Photos : Filipa Moreira da Cruz
Enganar o tempo
Aproveitar este momento
Amarfanhar o futuro
Disparar um tiro no escuro
Ouvir o silêncio
Gritar o que levo dentro
Despistar a sorte
Perder o sul e o norte
Escorregar no fracasso
Dar aquele abraço
Aprender com os erros
Desvendar os segredos
Vaguear pela multidão
Assumir o sim e o não
Enfrentar o medo
Deixar de lado o enredo
Amar o talvez
Uma e outra vez.
Filipa Moreira da Cruz
Oh tempo, espera por mim
Peço-te um minuto, um segundo
Nos teus lábios carmim
Dou a volta ao mundo
Oh tempo, volta para trás
Regresso ao passado
Sou de novo esse rapaz
Esguio e engraçado
Oh tempo não corras
Um sorriso, um abraço
Tantas coisas boas!
Flores no teu regaço
Oh tempo dá-me mais tempo
Um sussurro, um sopro
Aproveito cada momento
Pensam que estou louco
Oh tempo, tamanha quimera
Quem me dera
Que durasses mais
Que um dia de Primavera.
Filipa Moreira da Cruz
Quanto tempo tenho para percorrer o mundo?
Quanto tempo tenho para fazer o correto?
Quanto tempo tenho para enganar um segundo?
Quanto tempo tenho para ficar por perto?
Quanto tempo tenho para seguir o meu caminho?
Quanto tempo tenho para estar com as pessoas que me são queridas?
Quanto tempo tenho para ficar sozinho?
Quanto tempo tenho para sarar as feridas?
Quanto tempo tenho para agarrar a felicidade?
Quanto tempo tenho para gozar da liberdade?
Quanto tempo vai durar a saudade?
Filipa Moreira da Cruz
Photos : Filipa Moreira da Cruz
Vou à minha vidinha
Sem incomodar
Faço o meu trabalho
Sem nada perguntar
Acordo cedo
Para a casa arrumar
Deito-me tarde
Sem descansar
Triste fado!
Está na hora
De tudo mudar
Dar o grito do Ipiranga
E fazer
O que me dá na real gana.
Filipa Moreira da Cruz
Viajar
Perder países
Soltar amarras
E partir
Viajar
Perder países
Levantar voo
E sem medo
Percorrer as raízes
Viajar
Perder países
Abraçar o mundo
Para sermos felizes.
Este é para você Fernando, inspirado num poema de outro Fernando, o Pessoa.
Filipa Moreira da Cruz
Querida mãe,
Já passou um mês e parece que foi ontem. Só passou um mês, mas parece uma eternidade.
Nunca gostei do Inverno e a mãe sabe que, para mim, Janeiro sempre foi longo, frio e enfadonho. Os membros da nossa família marcam (quase) sempre encontro com a morte depois do Natal e a mãe não foi excepção. O seu espírito decidiu dar o grande passo para pôr de folga (finalmente!) o corpo massacrado. Tinha chegado a hora. A mãe estava pronta, mas eu não. Nunca estarei. E não sou a única.
O Stan fez 14 anos na quinta-feira passada e estava triste porque foi a primeira vez que celebrou esta data sem a sua companhia. Lembra-se dos parabéns cantados em Lisboa, Porto, Tomar, Viana do Castelo, Veneza, Londres, Paris, Lanzarote e Fuerteventura? A mãe esteve sempre presente. Com frio, chuva, calor e sol.
Sei que finalmente encontrou a paz para lá do mundo terrestre, mas as saudades que tenho suas são infinitas. A vida é uma viagem e a sua foi rica em aventuras, descobertas, cumplicidades, afectos e harmonia. Sei porque a mãe disse-me isso várias vezes.
E por falar em viagens fizemos a primeira a Londres quando eu tinha 12 anos. Aos 14 anos levou-me a Nova Iorque. E foi nessa altura que prometemos que faríamos uma viagem juntas todos os anos. Cumprimos a promessa até ao ano passado. Visitámos mais de 20 países europeus, atravessámos tantas vezes o Atlântico para explorar as Américas. Partilhámos confidências, angústias, gargalhadas e lágrimas.
Por causa de si somos 4 irmãos em Lisboa, Saint-Malo, Verona e Londres juntos na dor. Graças a si somos 4 irmãos unidos para toda a vida. Por si desfrutamos de cada momento como se fosse o último.
Gosto muito de si mãe. E mais ainda.
Filipa Moreira da Cruz