Esperanza

Reprise

Ningún mal dura para siempre
Y el sol lo llevo en mi mente
No hay tristezas eternas
¡Quitate las penas!
Todo cambia
De la noche a la mañana
En un segundo todo es posible
Y el universo vuelve a ser creíble
Basta escuchar el corazón
¡Olvidate de la razón!
La vida es una danza
Entra en el baile y pintate de color esperanza.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Tristeza

Primeiro me acabou o riso, depois os sonhos, por fim, as palavras. É essa a ordem da tristeza.

Mia Couto

O riso veste a alma com as cores do arco-íris
Os sonhos dão-nos asas
Sem eles, apenas existimos
As palavras são a voz do que nos vai no coração
Mas então, temos o direito de estar tristes?
Claro! E lá, a razão sobrepõe-se à emoção
Às vezes a alma tem de ser limpa
Para isso servem as lágrimas
As asas podem quebrar
Os sonhos dissipam-se no ar
E quando ficamos mudos
Sem palavra para tudo?
O importante é que a tristeza
Não seja eterna
E que possamos ver no sol de Inverno
A alegria da Primavera.

Filipa Moreira da Cruz

Photo : Paul Laurent Bressin

As voltas da vida

Photo : Paul Laurent Bressin

É cão, é gato, é pulga e comichão
É uma casa de loucos onde reina a confusão
É fora, é dentro, é sempre a andar
É amor, é alegria, é crescer e partilhar

Vida emocionante e repleta de aventuras
É a desta criança sempre a fazer travessuras

É calor, é sol, é praia e muitos gelados
É a chuva miudinha a deslizar no telhado
É um corropio, é o fim da picada
É o eterno romântico ao lado da sua amada

Vida apaixonante e cheia de aventuras
É a deste jovem que continua a fazer travessuras

É responsabilidade, é trabalho e dinheiro
É um lugar à sombra num mundo muito feio
É esforço, é suor, é escravidão e dedicação
É a falta de concentração para a meditação

Pseudo-vida carente de aventuras
É a deste homem que não tem tempo para fazer travessuras

É tristeza, é desespero, é recusa e solidão
É falta de gente que lhe encha o coração
É medo da doença com cheiro a morte
É deixar de viver, abandonando-se à sua sorte

Fim de vida triste e sem aventuras
É a deste homem que deixou, há muito, de fazer travessuras.

Filipa Moreira da Cruz



Quebra cabeças

Photo : KaDDD

Alma na lama
Lama nos pés
Pés descalços
Descalços os sonhos
Sonhos levados pelo vento
Vento áspero e violento
Violento golpe de estado
Estado de bonança
Bonança aparente
Aparente felicidade
Felicidade que escapa
Escapa entre os dedos
Dedos mágicos
Mágicos segundos
Segundos escravos do tempo
Tempo dono e senhor da vida
Vida simplesmente… vivida!

Filipa Moreira da Cruz

Ayer…hoy

Ayer llegó sin aviso
Y terminó en un suspiro
De repente, te fuiste
Y de mi piel te despediste
Sin siquiera decir adios
Ayer fuimos dos
En un cuerpo muerto
Sin luz ni revuelto
Hoy ya está aquí
Con una sonrisa agridulce para mi
Los barcos pasan
Las estrellas brillan
El cielo es más gris
Gotas de lluvia caen sobre mi nariz
La vida sigue igual
Y yo soy un eterno sentimental.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Lágrima

Reprise

Photo : KaDDD

Dos olhos me cais
Salgada, doce, suave
Redonda formosura
Será de amor, de tristeza
De desgosto, de ternura?
Tão pura e transparante
Vens sem avisar
Deslizas pela cara
Como quem me quer chamar.

Filipa Moreira da Cruz

Ai, o amor!

Reprise

Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia no meu amor.

William Shakespeare
Photo : KaDDD

Não me odeies, não me censures
Tudo o que faço é por amor
Ofereço-te o que tenho
E o que não possedo invento
Para ver-te sempre feliz

A tua alma implora mais
Deseja algo fora do meu alcance
Eu apenas peço um sorriso
Como prova de gratidão

Lanço os meus braços nus
Em busca de reconforto
Cubro os olhos com as mãos
Enfeitiçadas pelos teus lábios

Sonho com esse beijo prometido
Escondo a teimosa melancolia
Saboreio as alegrias dos outros
Vivo na esperança de te rever

Não descansarei sem a certeza
De que um dia seremos dois
Abraço esse devaneio
Com a alma em pedaços

Mais não peço
E mais não posso dar
Morro de amor por ti
E por ti sobrevivo…assim.

Filipa Moreira da Cruz

Desde mi balcón

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Desde mi balcón
Veo la angustia y la tristeza
Oscuras como la noche
Cuando no sale la luna

Desde mi balcón
Escucho las carcajadas
De los niños en la calle
Un sin fin de gente animada

Desde mi balcón
Oigo lo que no quiero
Siento lo que no pienso
Dolor y sufrimiento

Desde mi balcón
Estoy tranquilo
Porque sé que para todo
Hay una solución.

Filipa Moreira da Cruz

A melodia das cotovias

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Morre de sofrimento esta família que se esconde por detrás dessa janela, igual a tantas outras.
Outrora alegre, esta casa está triste e melancólica, afogada nas memórias do passado. Não é azul, mas sim preta a cor que a rodeia. O vaso está quebrado, as flores murcharam e o olhar do gato ficou transparente, insípido. As cortinas sujas e comidas pelo sol contam histórias a quem tiver coragem para as escutar.
Passaram-se seis anos desde que essa alma partiu e a vila inteira foi invadida de rancor e sofrimento.
Longe vão os tempos em que se ouvia música e se dançava até de madrugada. Nessa altura, as flores cresciam suavamente, embaladas pela doçura do riacho. Os sonhos tinham asas e as alegrias não conheciam limites. Mas ficaram para sempre os sentimentos que deslizam ao som da melodia das cotovias.

Filipa Moreira da Cruz

Dor

Reprise

Photo : KaDDD

De repente, cai a máscara!
Eu já não sou eu… E ainda bem!
Esqueço os medicamentos e as dores,
Atraso o relógio porque ainda não é hora.

Dissimulo a angústia quotidiana,
Retardo os efeitos secundários,
Saboreio cada instante – porque sei
Que este momento pode ser o último.

Volto a ser criança e sou livre!
Para correr, saltar, dançar.
Fazer trinta por uma linha,
Pintar a manta de várias cores.

Ai se eu soubesse parar o tempo!
Para agarrar o que mais amo.
Desfazer-me de ninharias e futilidades
E chorar muito até limpar a alma.

Que sorte tenho de (ainda) estar viva,
De deslizar ao sabor do vento.
Sem pressa, sem medo, sem desespero,
Sou de novo eu! E ainda bem!

Filipa Moreira da Cruz