1 Broken heart 2 Almas enamoradas 3 Mousquetaires 4 Cantos do mundo 5 Bambini felici 6 Secrets to reveal 7 Olas del mar 8 Gâteaux sur la table 9 Pássaros a levantar voo 10 Dita sulle mani 11 Friends of a lifetime 12 Mariquitas en el jardín 13 Marches à gravir 14 Velas no bolo 15 Farfalle multicolori 16 Dreams inside my head 17 Preguntas sin respuesta 18 Chansons d’amour 19 Promessas por cumprir 20 Città da visitare 21 Ice cream flavours 22 Cartas por enviar 23 Encore et encore.
Nos dias de hoje, « qualquer diferença torna-se uma patologia ». Quem o disse foi o pedopsiquiatra francês Thierry Delcourt. Segundo o mesmo, nos últimos 15 anos, o número de crianças diagnosticadas como hiperativas ou autistas aumentou consideravelmente e as políticas dos atuais governos contribuem (e muito!) para esta triste realidade.
Em certos Estados Norte Americanos, 25% das crianças, de uma mesma classe, são medicadas contra a própria vontade dos pais. Os professores são obrigados a vigiar que cada aluno toma os comprimidos antes de entrar na sala, sob pena de sanções. Os laboratórios farmacêuticos fazem a lei e os dirigentes políticos alimentam este poderoso lobby.
Durante vários séculos, as crianças eram consideradas como acessórios. Nas famílias mais pobres eram mais bocas para alimentar e mais braços para trabalhar, enquanto nos meios sociais abastados não passavam de criaturinhas barulhentas e mantidas à distância, graças às incansáveis amas.
Avançamos nos direitos dos mais novos e nos deveres dos mais velhos. Pais, educadores, tutores, professores têm responsabilidades e obrigações. Afinal, só tem filhos quem quer… Ou pelo menos, deveria ser assim. Muitas vezes, a hiperatividade infantil é vista como um flagelo e nada melhor que administrar as pastilhinhas às crianças.
O sistema de ensino ainda não é capaz de moldar-se aos tempos atuais. Continua rígido e intransigente. Exige que as crianças aprendam a ler e a contar ao mesmo tempo. Não valoriza as aprendizagens transversais, a criatividade nem a espontaneidade. Felizmente, há exceções como a escola da Ponte em Portugal e os sistemas Waldorf, Montessori e « Amara Berri ». Os meus filhos tiveram a sorte de integrar este último quando vivemos em San Sebastian e nas Canárias.
Surpreende-me e choca-me a quantidade de crianças francesas que frequentaram e ainda frequentam os terapeutas da fala e os ortofonistas. O meu marido ficou traumatizado com os 8 anos passados a deletrear. E tudo por ser canhoto! Uma amiga que é ortofonista explicou-me a pressão a que estão submetidos para ensinar a ler e a escrever a crianças sem qualquer problema, para aliviar os professores e os encarregados de educação. Um absurdo! Ela teve a coragem de recusar e passou a tratar pacientes que sofreram AVC ou traumas. Não entende porque razão esta profissão está sob a tutela do Ministério da Educação e não do da Saúde, como seria de esperar.
A minha mãe foi professora do ensino básico durante mais de 40 anos e uma das minhas irmãs é educadora de infância. São as duas bastante críticas em relação ao desfasamento entre a escola e as necessidades das crianças e isso já lhes valeu algumas disputas. O que me admira é que os recém licenciados são ainda mais retrógradas que as gerações anteriores. Saem das universidades formatados e convencem os pais de que os seus filhos têm um problema e precisam de ser seguidos pelo psicólogo.
A sociedade obriga, desde a mais tenra idade, a encaixar no molde porque dá menos dores de cabeça se formos todos iguais. Mas que aborrecido seria se gostássemos todos de azul e de gelado de morango! As crianças são hiperativas porque transbordam de energia e reclamam atenção. Quanto aos pais, muitas vezes, são passivos por falta de vontade e de tempo.
Fim de tarde na praia Longo dia de Verão O frio mantém-se à raia Adoro esta estação! O mar muda de cor Seguindo caprichos misteriosos Que não conhecem medo nem rancor Sábios são os que abrem os olhos A natureza obedece a leis Que apenas ela conhece E os humanos são reis A quem ela finge que obedece As crianças fazem castelos na areia Coitados dos adultos que se esqueceram Que a vida é feita de brincadeira.
Na sexta-feira de manhã o meu telefone, smart só quando quer, amuou. Simplesmente, deixou de dar sinais de vida. Tentei tudo: ligar, carregar a bateria, tirar a carta SIM e voltar a colocá-la, soprar para eliminar o pó. Nada! Decidi não dar muita importância ao assunto. Quando chegasse a casa, voltaria a empenhar-me. Estava quase certa que, após algumas horas de descanso a birra passaria. Enganei-me.
Fiquei três dias e três noites sem telemóvel. E agora? Família, amigos, trabalho, fotografias, banco, notícias… A minha vida inteira está no maldito smartphone. No início, senti-me perdida e incompleta. Mas essa sensação durou apenas alguns minutos. Não era o fim do mundo. Decidi interpretar esta morte súbita como um sinal. Na segunda-feira pensaria se valeria a pena reparar o telefone antigo ou, simplesmente, comprar um novo. Até lá, aproveitaria, da melhor forma possível, esta liberdade inesperada. E nem imaginam que bem me soube!
Terminei um livro e comecei outros dois. Pus a escrita em dia. Os meus filhos agradeceram todos os momentos partilhados sem o toque que anuncia a chegada de uma nova mensagem. Estranho! Jogamos em família, experimentamos receitas novas. Corrijo, provei pratos deliciosos. O fim-de-semana de confinamento seguiu a habitual rotina, mas com um detalhe que fez toda a diferença: a ausência do meu telefone. E este pormenor foi fundamental para obrigar-me a rever a minha relação com o aparelho que cabe no bolso ou na palma da mão.
Muitos adultos queixam-se que as crianças e os jovens são dependentes do telemóvel. Não resistem a deslizar o dedo pelo pequeno ecrã em troca de jogos viciantes, desafios perigosos, vídeos excêntricos. Comunicam em permanência com os amigos, tiram selfies. A nova realidade só veio piorar estes comportamentos. Tudo se passa à distância. E sentimo-nos menos sozinhos com um telefone inteligente nas mãos. Não escrevo (felizmente!) com conhecimento de causa. Os meus filhos ainda não fazem parte das vítimas, mas lá chegarão. Ninguém fica indiferente ao poder da caixinha mágica.
Mas que exemplo damos nós? « Faz o que te digo, não faças o que eu faço ». Mais importante que proibir é tentar ser o modelo a seguir. E, muitas vezes, falhamos. Porque somos humanos. Porque também somos escravos das tecnologias que comandam as nossas vidas. Porque não resistimos a ler as notícias que desfilam, em permanência, pelo ecrã. Porque o mundo não pára e não queremos ficar para trás.
As crianças do século XXI nasceram na era digital e não podemos exigir que recusem as tecnologias do dia para a noite. Devemos sim, defender o uso inteligente do computador, da tablete e do smartphone para que sejam ferramentas úteis e não donos e senhores das nossas vidas. Devemos assumir o controlo em vez de sermos controlados.
Na segunda-feira já estava a fazer planos de ir comprar um telemóvel depois do trabalho. Este gasto não vinha muito a calhar, mas não poderia estar incomunicável eternamente. Qual não foi o meu espanto quando o telefone reagiu quando, sem esperança, o voltei a ligar? Afinal, não passou de um capricho. Algo habitual nas máquinas criadas pelos humanos e para os humanos. Fizemos um pacto. Prescindirei do meu smartphone todos os domingos. Dou-lhe folga uma vez por semana. Faz-lhe bem a ele e a mim também.
Dizem que a água não tem sabor nem cheiro Depende… Dizem que os rios vão dar ao mar Depende… Dizem que depois da vida só há morte Depende… Dizem que quando o sol dorme a lua desperta Depende… Dizem que um dia somos crianças e, de repente, chegamos a velhos Depende… Dizem que depois da tempestade vem a bonança Depende… Dizem que ninguém morre por amor Depende… Dizem que dois mais dois são quatro Depende… Dizem que a felicidade é uma ilusão Depende… Dizem que os sonhos não alimentam a vida Depende… Dizem que a arte não mata a fome Depende… Dizem que não há mal que dure para sempre Depende… Dizem que enquanto há vida, há esperança Depende… Dizem tanto e fazem tão pouco Depende…
A maioria das minhas amigas não tem filhos. Nem todas por opção. Mas isso não significa que não gostem de crianças, antes pelo contrário. Perguntam-lhes frequentemente se ainda pretendem ser mãe. As respostas são variadas e algumas até originais: não pensei nisso, não tenho tempo, qualquer dia destes, quando puder, falta-me encontrar a pessoa certa… Houve até quem dissesse NUNCA! E a conversa ficou arrumada para sempre.
O mais curioso é que esta questão cansativa, de tantas vezes repetida, nunca se coloca aos homens. O sexo masculino pode ser progenitor enquanto a pujança ou o Viagra o permitirem. E já quase ninguém estranha ver um pai que tem idade para ser avô! Os relógios biológicos não seguem as mesmas leis. Homens e mulheres dançam uma música a ritmos descompassados. Por outro lado, se um homem não for pai não estranhamos. Qual é o problema?
Admito que já não imagino a minha vida sem os meus filhos. O nascimento de uma criança implica mudar (quase) tudo. De repente, as prioridades são outras. O bebé é tão pequenino, mas ocupa o espaço todo. Isso não é mau, obviamente! Mas nem todas estamos preparadas para esta reviravolta e entendo, cada vez mais, as mulheres que decidem não ter filhos. Não me sentiria incompleta se não tivesse sido mãe.
E o instinto maternal? Sinceramente, creio que a maternidade tem muito pouco de instintivo até porque não somos animais. Nenhuma mulher nasce mãe. É na língua francesa que encontro a expressão com a qual me identifico: on devient mère. São os filhos que nos transformam, ensinam, motivam. Aprendemos a ser mães com eles. E temos o direito de errar porque somos perfeitamente imperfeitas. Não aspiramos ao estereótipo de super mulheres, embora a sociedade insista no contrário. Não temos que ser as melhores cozinheiras, as mais prezadas esposas e as irrepreensíveis fadas do lar. A nossa missão não é criar seres excecionais, mas sim respeitar cada um deles. Também não nos compete a nós evitar as caídas dos nossos filhos. Devemos ser guias e não chefes. Fazemos o melhor que podemos e sabemos. Sempre.
Longe vão os tempos em que cada família tinha uma tia solteirona, frustrada e azeda. As mulheres do segundo milénio têm o direito de ser solteiras, casadas, divorciadas, com seis filhos ou nenhum. Sabem que prazer não tem que rimar com procriação. Foram necessários longos séculos para que o sexo feminino se assumisse naturalmente, sem ter que pedir licença ou justificar-se. No entanto, em muitos países, o caminho ainda é árduo e com espinhos.
Defendo o direito de expressão e a liberdade de escolha. E isto não significa apenas darmos a nossa opinião. Podemos expressar-nos das mais variadas maneiras. Certos atos são mais reivindicativos que palavras. À Gabrielle Chanel bastou-lhe renunciar ao corset. Vestir uma saia ou um par de calças, usar camisa e gravata, pintar os lábios de vermelho. A mulher é a única capaz de saber o que é melhor para ela e recorre a todos os subterfúgios para tal. E se as suas escolhas não forem as mais corretas ela não deverá culpar ninguém. Errar é aprender. E aprender é viver. A vitimização é inimiga da emancipação.
Filha, irmã, amiga, prima, sobrinha, neta. Mulher, amante, companheira, confidente. Somos únicas e inteiras com ou sem descendência. Para todos os feitios e gostos. E para que o futuro se escreva de todas as cores.
1 Broken heart 2 Almas enamoradas 3 Mousquetaires 4 Cantos do mundo 5 Bambini felici 6 Secrets to reveal 7 Olas del mar 8 Gâteaux sur la table 9 Pássaros a levantar voo 10 Dita sulle mani 11 Friends of a lifetime 12 Mariquitas en el jardín 13 Marches à gravir 14 Velas no bolo 15 Farfalle multicolori 16 Dreams inside my head 17 Preguntas sin respuesta 18 Chansons d’amour 19 Promessas por cumprir 20 Città da visitare 21 Ice cream flavours 22 Cartas por enviar 23 Encore et encore.
Fim de tarde na praia Longo dia de Verão O frio mantém-se à raia Adoro esta estação! O mar muda de cor Seguindo caprichos misteriosos Que não conhecem medo nem rancor Sábios são os que abrem os olhos A natureza obedece a leis Que apenas ela conhece E os humanos são reis A quem ela finge que obedece As crianças fazem castelos na areia Coitados dos adultos que se esqueceram Que a vida é feita de brincadeira.
Nos dias de hoje, « qualquer diferença torna-se uma patologia ». Quem o disse foi o pedopsiquiatra francês Thierry Delcourt. Segundo o mesmo, nos últimos 15 anos, o número de crianças diagnosticadas como hiperativas ou autistas aumentou consideravelmente e as políticas dos atuais governos contribuem (e muito!) para esta triste realidade.
Em certos Estados Norte Americanos, 25% das crianças, de uma mesma classe, são medicadas contra a própria vontade dos pais. Os professores são obrigados a vigiar que cada aluno toma os comprimidos antes de entrar na sala, sob pena de sanções. Os laboratórios farmacêuticos fazem a lei e os dirigentes políticos alimentam este poderoso lobby.
Durante vários séculos, as crianças eram consideradas como acessórios. Nas famílias mais pobres eram mais bocas para alimentar e mais braços para trabalhar, enquanto nos meios sociais abastados não passavam de criaturinhas barulhentas e mantidas à distância, graças às incansáveis amas.
Avançamos nos direitos dos mais novos e nos deveres dos mais velhos. Pais, educadores, tutores, professores têm responsabilidades e obrigações. Afinal, só tem filhos quem quer… Ou pelo menos, deveria ser assim. Muitas vezes, a hiperatividade infantil é vista como um flagelo e nada melhor que administrar as pastilhinhas às crianças.
O sistema de ensino ainda não é capaz de moldar-se aos tempos atuais. Continua rígido e intransigente. Exige que as crianças aprendam a ler e a contar ao mesmo tempo. Não valoriza as aprendizagens transversais, a criatividade nem a espontaneidade. Felizmente, há exceções como a escola da Ponte em Portugal e os sistemas Waldorf, Montessori e « Amara Berri ». Os meus filhos tiveram a sorte de integrar este último quando vivemos em San Sebastian e nas Canárias.
Surpreende-me e choca-me a quantidade de crianças francesas que frequentaram e ainda frequentam os terapeutas da fala e os ortofonistas. O meu marido ficou traumatizado com os 8 anos passados a deletrear. E tudo por ser canhoto! Uma amiga que é ortofonista explicou-me a pressão a que estão submetidos para ensinar a ler e a escrever a crianças sem qualquer problema, para aliviar os professores e os encarregados de educação. Um absurdo! Ela teve a coragem de recusar e passou a tratar pacientes que sofreram AVC ou traumas. Não entende porque razão esta profissão está sob a tutela do Ministério da Educação e não do da Saúde, como seria de esperar.
A minha mãe foi professora do ensino básico durante mais de 40 anos e uma das minhas irmãs é educadora de infância. São as duas bastante críticas em relação ao desfasamento entre a escola e as necessidades das crianças e isso já lhes valeu algumas disputas. O que me admira é que os recém licenciados são ainda mais retrógradas que as gerações anteriores. Saem das universidades formatados e convencem os pais de que os seus filhos têm um problema e precisam de ser seguidos pelo psicólogo.
A sociedade obriga, desde a mais tenra idade, a encaixar no molde porque dá menos dores de cabeça se formos todos iguais. Mas que aborrecido seria se gostássemos todos de azul e de gelado de morango! As crianças são hiperativas porque transbordam de energia e reclamam atenção. Quanto aos pais, muitas vezes, são passivos por falta de vontade e de tempo.
Dizem que a água não tem sabor nem cheiro Depende… Dizem que os rios vão dar ao mar Depende… Dizem que depois da vida só há morte Depende… Dizem que quando o sol dorme a lua desperta Depende… Dizem que um dia somos crianças e, de repente, chegamos a velhos Depende… Dizem que depois da tempestade vem a bonança Depende… Dizem que ninguém morre por amor Depende… Dizem que dois mais dois são quatro Depende… Dizem que a felicidade é uma ilusão Depende… Dizem que os sonhos não alimentam a vida Depende… Dizem que a arte não mata a fome Depende… Dizem que não há mal que dure para sempre Depende… Dizem que enquanto há vida, há esperança Depende… Dizem tanto e fazem tão pouco Depende…