O Natal mais triste

Photo: Filipa Moreira da Cruz

Este é o primeiro Natal sem a minha mãe. E estou tão triste! São tantas as saudades! Maldito cancro!
Recordo as celebrações em Lisboa, Porto, Aveiro, Tomar, Caldas da Rainha, Atlanta, Paris, Lyon, Méribel, Grenoble, Saint-Malo, Montreux, Genève, Tenerife, San Sebastián, Fuerteventura. Qualquer lugar era bom para estarmos juntos. A duas, a três, a quatro, a seis, a dez, a vinte, a trinta.
Os meus avós maternos morreram num acidente de automóvel no dia 23 de Dezembro quando a minha mão tinha apenas 15 anos. Durante muitos anos, ela viveu um Natal sem brilho. Entretanto, casou e teve quatro filhos (três raparigas e um rapaz, exactamente como ela e as suas irmãs e irmão). Voltou a decorar a casa pelos filhos. As reuniões familiares em Lisboa eram alegres, barulhentas e duravam até às tantas da madrugada.
Os filhos cresceram e decidiram viver cada um num país diferente e, muitas vezes, não conseguimos estar todos juntos na consoada. Anos mais tarde, a minha mãe descobriu o segundo melhor papel da sua vida : o de avó. E pelos netos o Natal voltou a ser uma grande festa! Até ao ano passado foi assim. Mesmo muito doente, a minha mãe fez um enorme esforço para brincar com os netos e rir das suas piadas.
Este ano o seu lugar na mesa vai estar vazio, mas a sua alma encherá a casa de luz e de esperança.
Feliz Natal para todos os que estão e os que, um dia, aqui estiveram.

Filipa Moreira da Cruz

EM NOME DE DEUS!?(2ª parte)

Em nome de Deus, guerras insanas, nada santas, originadas na disputa de dois irmãos, rasgam o tempo e o espaço até a atualidade… Em nome de Deus, guerras começadas com arcos e flechas,  passam pelas facas, facões e espadas,  e chegam aos mísseis, bombas e aviões…  Em nome de Deus, o ser humano desafia as […]

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Azul y verde

Un cierto azul entra en tu alma.

Henri Matisse

Y todo ardía en azul, todo una estrella.

Pablo Neruda

El azul sugiere el mar y el cielo, y ellos, después de todo, son en la naturaleza real y visible lo más abstracto.

Yves Klein

Nunca me canso del cielo azul.

Vincent Van Gogh
Photo: Filipa Moreira da Cruz

El verde es el color principal del mundo, y del que surge su belleza.

Pedro Calderón de la Barca

Verde era el silencio, húmedo era la luz, el mes de junio temblaba como una mariposa.

Pablo Neruda

El jardín del amor es verde sin límites y produce muchos frutos además del dolor o la alegría. El amor está más allá de cualquier condición: sin primavera, sin otoño, siempre es fresco.

Rumi

El verde es el nuevo emblema de las esperanzas bien fundadas. En azul, el espíritu puede vagar, pero en verde puedes descansar.

Mary Webb

EM NOME DE DEUS !? (I)

Em nome de Deus,  Abraão deita-se com a serva, Agar:  Dessa união, nasce seu filho Ismael! Em nome de Deus,  Abraão deita-se com sua esposa, Sara:  Dessa união, nasce seu filho Isaac! Em nome de Deus,  Agar e Ismael fogem para o Egito: Ismael dará origem à Nação Árabe, com a benção de Deus a […]

EM NOME DE DEUS !? (I)

Diapasão

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Um sopro
Sem fôlego
Uma vontade
Partilhada
Um desejo
Reprimido
Uma aventura
Inacabada
Um sonho
Impossível
Um passeio
Sem rumo
Um mundo
Em guerra
Uma casa
Sem paz
Um minuto
Sem segundo
Uma vida
A minha?
A tua?
Tanto faz!

Filipa Moreira da Cruz

Domingos ao sol

E um dia, sem medo nem pudor, disse-lhe:

Não tens raízes como as árvores nem asas como os pássaros, mas consegues chegar a todo o lado sem perder o chão.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Sorrir… sempre!

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Encontrei numa estante um caderno com anotações da minha mãe. O tal caderno, elaborado com papel reciclado, foi comprado em Itália e tem uma capa ilustrada com desenhos muito bonitos. Flores em tons de rosa, azul, verde e violeta. A caligrafia redonda e harmoniosa da minha mãe (antiga professora do Ensino Básico) devolve-me a paz.
Não é fácil aceitar que o ser humano que me deu a vida está agora mirrado e deitado numa cama de hospital como se fosse um legume negligenciado numa prateleira de um supermercado.
2023 chega com um sabor agridoce e antecipo a explosão dessa dor profunda que nasceu no dia em que ouvi a fatídica notícia. Merda de doença esta que destrói não apenas o corpo que a transporta, mas também o espírito e todos os outros que o rodeiam.
O meu presente de Natal foi a viagem a Portugal dos meus filhos. Estão longe dos pais, mas a aproveitar cada momento com a família portuguesa. Os netos têm uma relação muito especial com a avó materna. E não poderia ser de outra maneira! Não é por nada, mas calhou-me a melhor mãe do Universo. Sou abençoada!
Peço desculpa, mas desta vez, as palavras chegaram atabalhoadas e sem harmonia. Demasiada emoção!

Seguem as frases anotadas no caderno:

Rir é o fogo-de-artifício da alma.

Arruma os teus problemas no teu saco de viagem e sorri, sorri, sorri.

Não existe uma única prova a favor da ideia de que a vida é séria.

Se estás todo embrulhado em ti próprio é porque estás demasiado vestido.

Caderno da minha mãe

Filipa Moreira da Cruz

Casa

Reprise

Lugar de aconchego
De festa e de desassossego
Lar doce lar
Onde podemos ser e estar
De pedra ou de madeira
Por uns dias ou para a vida inteira
Para dois, três, quatro, cinco ou seis
Para pobres que se sentem como reis
Ou ricos que mais parecem mendigos
De tão mal agradecidos
Azul, verde, ou branca
Aquecida pelo sol ou pela chama
De uma lareira onde nos sentamos a ler
E a contar histórias até escurecer
Guarda memórias e segredos
Abriga ilusões e medos
Oferece paz e serenidade
Seja ela no campo ou na cidade
Serve para acolher familiares e amigos
Os mais recentes e os antigos.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz

Moonspell

Reprise

Photo : Filipa Moreira da Cruz

Luna hechicera
Fuente de promesas
Ojalá pudiera ser cualquiera
Y pasearme por tus calles desiertas
Luna llena
Felicidad plena
Cuarto menguante
Amor abundante
Luna nueva
Ya quisiera que llueva
Cuarto creciente
Tierra ardiente.

Filipa Moreira da Cruz

Lo que me hace feliz

Reprise

Caminar descalza
Abrazar un árbol
Comer cerezas y fresas
No hacer nada
Escuchar el silencio
Poner música a tocar
Reírme a carcajadas
Sin ningún motivo
Tumbarme al sol
Achuchar a mis hijos
Leer un buen libro
Nadar en el mar helado
Pasear en el bosque
Estar con mi familia
Soñar con los ojos abiertos
Mirar la misma película una y otra vez
Escribir cuando todos duermen
Charlar con mis amigos
Seguir acreditando
Que lo mejor aún está por llegar.

Filipa Moreira da Cruz

Photos : Filipa Moreira da Cruz